03/07/2014

Os meus queridos bisavós e um anel especial



Tenho-me lembrado muito dos meus bisavós. Convivi bastante com eles durante a maior parte da minha infância, éramos muito próximos. A minha bisavó tinha um anel lindíssimo que eu, já em criança, cobiçava inocentemente. Sempre que vejo a minha tia com ele admiro-o e lembro-me de quando era criança e o adorava quando olhava para ele nas mãos finas e enrugadas da minha bisavó. Recentemente passei numa ourivesaria que vende prata antiga e vi um anel praticamente igual a esse, claro que nem pensei duas vezes, tinha que ser meu. Como tenho umas mãozinhas de Cinderela, com dedos super fininhos, tive que encomendar um tamanho mais pequeno e só vou buscá-lo hoje. Durante este tempo de espera tenho pensado muito no anel e de como me vou lembrar da minha bisavó sempre que olhar para ele. Era uma mulher espetacular a minha bisavó, tinha uma força e uma determinação que não eram dos tempos dela, uma beleza e uma vaidade que me encantavam. Sentava-me ao lado dela no sofá e ficava a ouvi-la contar histórias de outros tempos, histórias de família, histórias de pessoas que eu não conhecia. Foi com ela que comecei a gostar de fotografia, lá em casa havia dezenas de álbuns com fotografias de anos e anos de família, que nós folheávamos vezes sem fim apesar de já conhecermos todas as imagens, todas as histórias, de trás para a frente e da frente para trás. Lembro-me de nessa altura pensar que um dia quando fosse grande ia tirar imensas fotografias para ter tantos álbuns de imagens bonitas como a minha bisavó. Admirava o seu conhecimento, a sua mundividência, a sua esperteza. Pelo meu bisavô tinha um amor muito especial, ele era a pessoa mais carinhosa que já conheci, gostava tanto de estar com ele, de brincar com ele. Lembro-me que quando estava lá em casa só dormia a sesta abraçada a ele e por isso, todos os dias a seguir ao almoço ele sentava-se no sofá para que eu pudesse aninhar-me nele e adormecer. Lembro-me que sempre que passeávamos de carro íamos os três no banco de trás e eu ia sempre encostada a ele, agarrada ao seu braço. Muitas vezes começava por chegar-me para ao pé da minha bisavó porque pensava que ela ficava triste, mas a verdade é que acabava sempre quase ao colo do meu bisavó. Tenho muitas saudades dele, das suas histórias disparatadas e engraçadas que ele ateimava serem verídicas mesmo quando sabíamos que não passavam de anedotas, tenho saudades de quando me pegava ao colo mesmo quando as costas já não eram tão fortes, tenho saudades de dormir a sesta com ele, de sentir como o abraço dele estava sempre quente. Este vai ser um anel especial porque vai ter uma história, uma história que eu não me vou cansar de contar e de lembrar. Mal posso esperar por tê-lo comigo, por usá-lo, por olhar para ele na minha mão e relembrar memórias tão felizes de uma infância ainda presente mas que nunca mais voltará.


7 comentários:

F. disse...

É sempre bom ter algo que nos faça relembrar ainda mais alguém que amamos , eu não largo o meu colar com a inicial de uma pessoa bastante importante para mim que faleceu

Blackbird disse...

Aposto que ficaste super contente quando encontraste um anel idêntico! :)

Por entre malas e cupcakes disse...

Oh, gostei tanto de ler o teu post. Achei tão bonito. Eu só conheci uma bisavó mas fico sempre muito sensibilizada com este tipo de relação já que tenho uma avó com quem passava imenso tempo em criança e que é uma das pessoas mais próximas que tenho e que adoro adoro adoro e é sem dúvida a minha segunda mãe. Obrigada por teres partilhado este texto tão amoroso. =)
Rita

Ember Blue disse...

Adorei o teu post :) Quando te lembrares desses, tempos lembra-te sempre deles com felicidade, porque se pensarmos muito no passado, acabamos por não viver o presente. Fico contente por teres encontrado esse anel!

Hibiscus disse...

É tão bonito isso, são boas memórias que valem a pena serem relembradas :)

Effy Stonem disse...

R: Digo sempre :)

PT disse...

Quando nos acontece algo assim é mesmo mágico.